Represa diplomática

hidreletrica-de-san-francisco

Imagem da construção em release no site da Odebrecht

Uma empresa brasileira realiza uma obra. A construção apresenta problemas. O local é militarizado. O Eqüador diz que não vai pagar de US$ 243 milhões. O Brasil chama seu diplomata de volta.

Não estava acostumado com esse tipo de situação na América do Sul, mas pelo visto está ficando mais comum. Durante minha infância e adolescência o noticiário do editoria mundo nem falava sobre a parte sul do nosso continente. Era como vivessemos num local de paz absoluta ou de conformismo visceral. Mas será que agora o imperialismo fala português?

Não sei quais são os principais jornais do Eqüador, mas a convocação do diplomata brasileiro Marques Porto é destaque no EL Comercio, Hoy e La Hora.

Como esse blog fala de inforação, vamos verificar se há algum tipo de contradição.

Segundo o site da Odebrecht, a usina era responsável pela geração de cerca de 12% da energia do Eqüador. A obra é diferente das hidrelétricas que estamos acostumados a ver porque a maior parte de sua estrutura é composta por uma rede de túneis.

A construção foi inaugurada em janeiro de 2007 e deixou de funcionar cerca de um ano depois.

Pela redação dos jornais notei que a notícia foi mau recebida no Eqüador. Ninguém gosta de saber que seu país vai perder investimentos, ainda mais quando falamos de um terço deles. Mais ainda, uma possível desaceleração econômica levaria a diminuição em investimentos publicitários.

A imprensa equatoria aponta que a hidrelétrica de San Francisco sofreu graves danos. Já a versão que tivemos acesso pelos meios de comunicação no Brasil afirma que a construção estava em manutenção por ‘problemas pontuais’.

Daqui da Brasil é difícil chegar a uma conclusão, mas pela gravidade da decisão do governo equatoriano e pelo fato da hidrelétrica não estar funcionando, sou forçado a acreditar que realmente aconteceu algo de grave.

Sobre a convocação do diplomata brasileiro Marques Porto, acredito que a decisão foi motivada pelo uso político de Rafael Correa sobre a situação.

Acho melhor não entrar no mérito da nossa cultura de obras superfaturadas e malfeitas. Mas vale uma pergunta: será que essa cultura virou nosso produto de exportação?

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